Canas OnLine

01/03/2009

Em Frente!



O b’MCNS foi criado e desenvolvido em torno da causa “Canas”, visando exultar a nossa história concelhia e reafirmar a nossa ambição municipal, único garante, na nossa opinião, de um futuro mais justo e auspicioso. O seu formato de arquivo privilegiou sempre artigos que pela sua natureza dignificassem a identidade canense, quer recolhendo documentação alusiva ao nosso património histórico e cultural, quer mantendo vivos os princípios que sustentam a razão da luta pela emancipação política e administrativa de Canas de Senhorim e do seu termo.

Concluído o processo de transferência de “postagens” do blog para o Portal Canas Online (naquele que provavelmente será o maior arquivo da alma canense), e após um ano de intenso e árduo trabalho liderado pelo nosso administrador em exercício Portuga Suave com a colaboração do Tmwk, do Farpas e do Tix (trabalho que muito nos orgulha), passa a não fazer sentido a sobreposição de postagens. Daí procedermos à substituição do blogue por uma revista digital interactiva que manterá o ideal que esteve na génese do blogue: a restauração do Concelho de Canas de Senhorim.

Num mundo globalizado, em que os fenómenos digitais crescem a uma velocidade vertiginosa, pretendemos com a nova Revista Electrónica colocar um pouco de Canas no Ciberespaço. Trata-se de um novo e arrojado projecto, já em desenvolvimento, para todos os que gostam de Canas, em especial para os que perseguem o ideal Restauracionista, e sobre o qual divulgaremos pormenores oportunamente.

Resta-nos agradecer o trabalho feito e a atenção demonstrada a todos os colaboradores, comentadores e leitores, em especial à diáspora canense (da Suíça ao Brasil passando por Timor) que nos acompanha há quase 4 anos e que já tem uma presença forte no Portal Canas Online – Município de Cannas de Senhorym. Lembramos a todos, principalmente à “diáspora”, que é, num verso da nossa vaidade primordial, saído do coração de Maria Natália Miranda “Onde Irás Dormir Um Dia”, que encontramos a razão para lutar pelo ninho que nos viu nascer.


Com os melhores cumprimentos

Os administradores em exercício

Entrevista

[…] Começámos o ano passado como um grupo de amigos de Canenses, cujo "núcleo duro" se manteve para a presente temporada e dos 14 jogadores inscritos para este ano, apenas um não é de Canas de Senhorim […]
[…] Quem olhar para a classificação não dirá por certo que nós fomos a equipa que mais golos marcou (seis) ao líder e a diferença nesse jogo foi de apenas 2 golos […]
[...]É fundamental que haja alternativas e quiçá complementaridade com o GDR Canas de Senhorim e que os apoios, nomeadamente camarários, se mantenham e permitam esta continuidade[…]
[…] Existimos porque nos sentimos bem e abraçámos um projecto em Canas de Senhorim que fazia falta. O apoio do nosso púbico é prova que há receptividade e emoção não falta. […].
**********
Entrevista a José Costa,
treinador da equipa de Futsal do Canas+Jovem no seu :

28/02/2009

Curt'ARTE (III)

http://curtarte09.blogspot.com/

O homem do dia e a Restauração do Concelho de Canas de Senhorim


( Troca de e-mails em Dezembro de 2004)


From: Manuel Henriques

Sent: terça-feira, 28 de Dezembro de 2004 20:33


Subject: Causa Nossa - CANAS DE SENHORIM- 24/11/2004


Caro Professor ( Fui seu aluno na FDUC a Dtº Administrativo e DTº
Constitucional):


Tenho a certeza que a sua opinião contra Canas de Senhorim é apenas fundada
num profundo desconhecimento de uma realidade bem dura.

Informe-se melhor sff.

Para esse efeito junto um artigo do Insuspeito Boaventura Sousa Santos.
Provávelmente não irá ler de princípio ao fim o meu email.
A grandeza dos homens vê-se no respeito pelo próximo e na forma como se
acredita em causas justas, ainda que politicamente incorrectas.......

Manuel Henriques



Boaventura de Sousa Santos
As Lições de Canas
Publicado na Visão em 10 de Julho de 2003


De:
Vital Moreira (NC) (vitalmoreira@netcabo.pt)
Você pode não conhecer este remetente.
Enviada:
quarta-feira, 29 de dezembro de 2004 2:57:22
Para:
'Manuel Henriques'


Caro MH
Eu penso conhecer o caso de Canas de Senhorim. Mas não me convence. Sou contra a proliferação de municípios. Há centenas de povoações que foram municípios até à reforma de Passos Manuel e há dezenas que julgam ter tantas razões quantas as de Canas par voltarem a sê-lo.
Com os melhores cumprimentos
Vital Moreira
************************************************************************************************
Vital Moreira, professor
Faculdade de Direito, Universidade de Coimbra / Law School, University of Coimbra
Pátio da Universidade, 3004-545 COIMBRA (Portugal)
E-mail address: vitalm@ci.uc.pt

Alguém escreveu

Não pode mas eu coloco…

Como não posso colocar um "post" deixo aqui, (pareceu-me o post mais adequado) como comentário, o meu pensamento:

Os dias passados em Canas, no fim-de-semana do carnaval, permitiram-me avaliar com outros olhos, esta terra de que gosto e que considero como minha. Aqui fica o que viram os meus olhos;

Aspectos positivos:

- Os amigos de sempre,
- O Carnaval (muito bom este ano),
- A obra nos Valinhos (muito bonita),
- A Quinta da Lagoa (o melhor queijo da serra, as instalações impecáveis, a simpatia do Sr. Jorge e da D. Palmira, rever o Sr. António...),
- A Casa da Raposeira (bom trabalho de recuperação),
- O pão da Padaria Monteiro (Pão de Canas em torradas sabia agora tão bem!),
- A Noémia,
- O Picadeiro do Pombal (sei que é em Beijós, mas pode servir Canas, pois pode ser uma boa oferta para os visitantes e para os Canenses),
- A Blogosfera Canense,

E negativos

- O ar sujo das ruas,
- O desarranjo das 4 esquinas (centro da vila),
- A sede da Junta de Freguesia (suja, por pintar, a mostrar desleixo),
- A falta de respeito pelos forasteiros durante os dias de Carnaval (zero estruturas de apoio, nem uma casa de banho portátil para um xixizinho),
- A falta de ofertas para quem nos visita (para quando fazer um “museu da indústria”, em que se possa reviver o que foram a CPFE e a ENU?),
- A ausência de promoção do Carnaval de Canas (quando teremos maturidade para criar uma estrutura acima dos Bairros que organize e promova o Carnaval? Em Ovar existe a Fundação do Carnaval, acima dos grupos, que gere a parte económica, os aspectos gerais da organização, a promoção – este ano o orçamento foi de quase € 500.000,00 e graças ao elevado número de visitantes as contas equilibraram-se. E nós, o que ganhámos com o elevado número de visitantes?),
- O bairro dos fornos (quem permitiu aquela aberração?),
- A ausência de espaços verdes urbanos,
- A inexistência de uma peixaria,
- Os supermercados (estou bem disposto para lhes chamar supermercados),
- O comércio tradicional (cristalizado há muitos anos).

Como é ano eleitoral, talvez os futuros candidatos peguem nalgumas destas ideias, provando que a razão de ser do poder local é a proximidade entre eleitos e eleitores sendo, por isso, as juntas de freguesia o verdadeiro motor do desenvolvimento das populações (ou não).
Ah! Já me esquecia, como pontos negativos temos também o seguidismo e ausência de livre pensamento...

por Luís Silva 

27/02/2009

Descubra as Diferenças

26/02/2009

Obra d'arte


22/02/2009

Carnaval 2009 ( Domingo) - algumas impressões


Positivo - A temperatura agradável. Legiões de forasteiros. Uma atmosfera de felicidade. Os carros alegóricos do Paço. A Marcha do Rossio. A banda do Paço.


Negativo - A publicidade institucional do Rossio à Câmara Municipal ( Não se podia enaltecer a nova sede sem bajulação ??). A Piada politica a um nível muito fraco no Rossio, onde há mais pergaminhos nesta matéria (antes criticavam-se os poderes, agora "malha-se" no charco das oposições.)

O Pirilampo e a Serpente

Era uma vez um pirilampo que andava a voar pela noite, a certa altura reparou que sempre que voava para a direita a serpente segui-o para a direita, se voava para a esquerda a cobra inclinava-se para a esquerda, o pirilampo acelerava o voou e o réptil acelerava atrás dele...
Andaram nisto 3 dias 3 três noites até que o pirilampo se cansou e poisou num arbusto...
A serpente fitou-o mas, momentos antes de o abocanhar, o pirilampo perguntou:
- Ouve lá ó serpente posso fazer-te duas perguntas?
Ela respondeu afirmativamente, e o pirilampo continuou:
Eu faço parte da tua dieta habitual para que quereres comer?
- Não, a bem dizer, nunca comi nenhum pririlampo. - respondeu
O insecto faz então a segunda pergunta:
- Então porque raio me segues há 3 dias e 3 noites para me comeres?
A serpente respondeu de imediato:
- É que o teu Brilho incomoda-me!

Carnaval em Canas de Senhorim 2009


Aproveite esta época do ano e venha a
Canas de Senhorim



Para além do fantástico carnaval de cariz popular que se desmarca dos habituais cortejos abrasileirados que ocorrem por esse país fora, pode aproveitar para admirar a robustez arquitectural que o granito imprime às nossas casas e desfrutar da maravilhosa paisagem que o maciço da serra proporciona.
Situada entre a Serra da Estrela e a Serra do Caramulo disponibiliza a quem a visita óptimas condições de alojamento e dispõe de excelentes restaurantes onde pode encontrar uma ampla diversidade de soluções gastronómicas, todas com o cunho típico dos sabores e costumes da região.
Passeie palas redondezas e aprecie o encanto e a hospitalidade das gentes que povoam as aldeias vizinhas. Repare nos campos, na lavoura e nas casas tipicamente beirãs. Tire partido da génese rural que ainda caracteriza a vivência dos seus habitantes. Aventure-se pelas matas adentro e contemple pausadamente a fantástica profusão de cores. Delicie-se com os cheiros e com a vivacidade do amarelo com que, por esta altura do ano, as mimosas e as giestas timbram a vegetação.
Após a digressão, saboreie o precioso vinho do Dão que, de braço dado com a morcela, a chouriça, a fatia de queijo da Serra e um naco de broa, lhe hão-de aconchegar a alma e aquecer o corpo.


Por tudo isto e por tudo aquilo que aqui não cabe
venha passar o Carnaval a Canas de Senhorim





DIVIRTA-SE PARTICIPANDO NO CARNAVAL DE CANAS
veja mais em

O bandido está de volta

por Anjodisa

O espírito desse bandido nascido há mais de 300 anos e que todos os anos ressuscita, após ter sido morto e enterrado no ano anterior, está de volta para infernizar a vida dos canenses. Esse maldito, mais uma vez, vai originar uma carga de trabalhos que conduzem a noites mal dormidas, refeições apressadas, amuos conjugais, enfim, dores de cabeça a mais por causa dum bandalho que, em cada ano, tem um tempo de vida tão curto.

Mas não faz mal. Sempre foi assim e sempre assim será. O desgraçado aparece sempre aos primeiros dias de cada ano e mexe com tudo e todos até ao dia do seu esplendor, a tal terça-feira, quando exige o couro e o cabelo dos canenses, quando aparece na primeira pessoa exibindo toda a sua pujança e toda a sua cagança, consumindo o resto das nossas energias e desfazendo as nossas gargantas. Nunca e em lado algum se viu tal subjugação a um dito soberano, ainda por cima com um reinado que se sabe tão curto. Esse miserável que tantos sentimentos e paixões controversos desperta, essa besta, esse bruto, esse bastardo infiel, esse grande animal, o chifrudo de merda, dá pelo nome de ENTRUDO.

Mas a coisa não fica assim, existe o reverso da moeda. Depois de tudo ele volta a cair que nem um tordo e nós, os canenses, brindamos a isso com um prato recheado de batatas, bacalhau e grelos, regados com um bom azeite e um (???) copo daquele bem bom que estava lá na adega bem encostadinho à parede, guardado para as melhores ocasiões. Após o repasto e a missa de corpo presente, o meliante vai a enterrar, mas, não antes de ser consumido pelo fogo, esturricado e carpido e de rebentar que nem um sapo. Neste caso a vingança serve-se ... bem quente!

Porém, a tradição já não é o que era, esvanece-se no tempo ou então adultera-se. Para prevelecer viva, saudável, rica, é preciso cultivá-la e passar aos mais novos toda a sua história secular duma forma clara, pedagógica, para não se verificarem os atropelos que tem sofrido nos últimos anos. Por exemplo, um "pisão", actualmente, já nem leva pedra nem fio. Os "foliões", na maioria dos casos, limitam-se a acordar as "vítimas", escolhidas a dedo, dando pontapés e socos nas portas para depois as insultarem, chamando-lhes todos os nomes possíveis e imaginários para as fazer "afinar", quase sempre encobertos por um gorro ou cachecol.

Enquanto tudo isto acontece, as associações que produzem e promovem o Carnaval, ano após ano, vão assistindo a estas aberrações duma forma passiva, preocupadas em guerrear-se mutuamente, esquecendo-se de fazer tudo o que esteve na origem da sua fundação: a organização, a promoção e a preservação do Entrudo canense.

Os tempos mudam e, pese o facto da falta de dinheiro e apoios, deve-se tentar acompanhar minimamente essas mudanças para que no futuro próximo o atraso não se torne irremediável. Com a ajuda de todos, o MdCS incluído e, sobretudo com as associações a trabalharem em sintonia, tenho a esperança de que, em breve, serão feitas as reformas necessárias no sentido de assegurar o maior cartaz de Canas de Senhorim e da região.

20/02/2009

Surripiar por aí...


Só pode ser da época carnavalesca, propícia a partidas e a outros destemperos: o Sr. José do blog de asnelas surripiou um texto sobre o Carnaval de Canas e publicou-o descaradamente num artigo sob o título “Carnaval no concelho de Nelas…”, ignorando a fonte ( blog Município de Cannas de Senhorym) e o autor (Portuga Suave, nosso admnistrador em exercício).
Considerando os pergaminhos da fonte de onde foi retirado, não podemos deixar de considerar esta atitude uma usurpação provocatória. Se é que isto ainda não está devidamente esclarecido, este blog orgulha-se de não querer pertencer ao concelho de Asnelas* e como tal não troca bilhetinhos nem boletins de voto.
Portanto Sr. José, no bom espírito que caracteriza esta época, remetemo-lo para outra: faça o favor de carpinteirar no seu próprio presépio e deixar este sossegado.

* O nome (Município de Cannas de Senhorym) deste blog faz juz a um Concelho com mais de 600 anos de História- O Concelho de Canas de Senhorim- daí não figurar na lista de links (e nós percebemos as razões) do blog Nelas Virtualmente "O blog de todo o concelho - Notícias * Criticas * Debates * Desafios = Futuro" ( Damos de barato esta publicidade e o respectivo link , para os que, legitimamente, se interessam pelo concelho de Nelas dele se possam servir).

Derby Paço-Rossio

Na próxima segunda feira às 18h, no Pavilhão Municipal Eng. Dionísio A. Cunha decorre como todos os anos e há mais de uma década o Derby Paço-Rossio em Futsal.
Apesar de também ser tradição tem tido pouca divulgação. Nada melhor que terminar a tarde de segunda-feira, após o tradicional "embate" das marchas de 2ª-feira das Velhas (também Paço-Rossio) dando continuidade a esse espírito apoiando as respectivas equipas e mais tarde finalizar o dia (onde quer que seja) com os tradicionais jantares convívios intra-gerações que os estabelecimentos de restauração da nossa zona realizam.
Cumprimentos Rossiences ... e Pacences

19/02/2009

Macaquear por aí ....

A(s) Facada(s)

A propósito do Carnaval...
por PortugaSuave

A tentativa de ensombrar o nosso Carnaval, levada a cabo pela Câmara Municipal de Nelas, desde que em 1977 se prestou a incentivar e apoiar uma cópia do Carnaval de Canas de Senhorim, é sobejamente conhecida dos canenses e já não nos suscita qualquer comentário, senão o de registar as mentes perturbadas dos fomentadores de tal recriação. Porém, julgo importante recordar e esclarecer as circunstâncias que levaram à criação da macaquice do carnaval de Nelas. A ancestralidade do carnaval de Canas de Senhorim perde-se no tempo e na memória. Segundo reza a história, há 300 anos que se vem realizando regularmente, constituindo, pela sua tradição e genuinidade, caso ímpar no panorama nacional. Das suas características peculiares, mantidas até aos dias de hoje, realço a sua originalidade, assente na saudável rivalidade entre os principais bairros da terra (Paço e Rossio) e a diversidade de costumes que animam, não só os quatro dias de folia, mas também os que os antecedem. O facto de nunca ter cedido a influências brasileiras confere-lhe um cunho tipicamente popular, bem patente no ritmo das marchas dos corsos e nas Bandas de Música que as interpretam.

Foram estas particularidades, aliadas à dedicação com que as gentes de Canas se entregam à sua festa de eleição, que colocaram Canas de Senhorim no roteiro de milhares de visitantes e foliões que anualmente nos procuram para desfrutar e participar no nosso carnaval. Uma festa do povo para o povo, gratuita e espontânea, como refere António João Pais Miranda na publicação Canas de Senhorim – História e Património.Ora, perante tal evidência, o mínimo que seria de esperar dos responsáveis camarários (Câmara Municipal de Nelas) era que apoiassem e difundissem este evento, assumindo-o como património cultural da região, elegendo-o como ex-líbris do calendário festivo do município e promovendo-o eficazmente.Mas não. Muito pelo contrário. O que a Câmara Municipal de Nelas fez no ido ano de 1977, foi incentivar a recriação na sede do município (Nelas) de um carnaval artificial, tirado a papel químico do nosso. Simularam uma rivalidade ficcionada entre dois bairros postiços e saíram ao embuste, sem pejo nem dignidade.Ocorre-me aqui a leviandade de imaginar o que seria se a Câmara do Carregal, inspirada pelo plágio da sua congénere nelense, importasse a vetusta e tradicional Dança dos Cus de Cabanas de Viriato para o Carregal do Sal. Impossível! Pertencesse Cabanas ao concelho de Nelas e asseguro-vos que o “bate cu” há já muito tempo seria parte do folclore “genuinamente nelense”.

Este fenómeno de decalque reflecte a inconsistência histórica e cultural da vila de Nelas. Constituída sede do concelho e criada administrativamente do nada, sem história nem memória, por força de Decreto em 9/12/1852, reuniu no seu seio as vilas de Canas de Senhorim, Senhorim e Santar. Estas vilas possuíam uma identidade própria que assentava no seu vasto património histórico e era consolidada pelos costumes e tradições seculares que os seus povos legaram à modernidade. Essa herança chegou aos nossos tempos através da arquitectura, da gastronomia, das lendas e crenças e de outros rituais, entre os quais o carnaval de Canas. O que aconteceu com Nelas é que não houve legado nem herança que sustentasse o estatuto entretanto adquirido. No que refere ao carnaval a tradição nelense resumia-se ao bailes de carnaval e às moribundas “Contradanças” que, convenientemente, são referidas como origem(?) do actual carnaval de Nelas (ver Boletim Informativo n.º 7 da Câmara Municipal de Nelas, de Fevereiro de 2005). Na ausência de tradições assinaláveis e a coberto de líderes despeitados e sem escrúpulos copiou-se o que havia para copiar e aviltou-se assim o património alheio na confecção de um carnaval por receita. Roubo premeditado e plágio consumado.

Mas de macacadas está o carnaval cheio e, mesmo assim, por mais que macaqueiem, não há dinheiro que compre o entusiasmo, a vibração, a alma e a devoção com que os canenses se entregam ao seu carnaval. Somos herdeiros de uma tradição genuína que representa uma das expressões mais autênticas do carnaval popular português, e isso vem cá de dentro, é inimitável. O resto são contradanças…
Viva o Paço. Viva o Rossio. Viva o Carnaval de Canas de Senhorim.

Fotos do Carnaval de 2002 por Farpas

18/02/2009

Rossio Adorado! (MNM)


No Rossio tens o Pão
A Escola, a estação,
A Capela até
Tens a Feira, tens a Praça
Também o nosso Café


Vens ao Rossio Santinha
Buscar a Cartinha
Cheia de alegria
Não fales mal do Rossio
onde irás morar um dia


Rossio adorado
És o meu encanto
Por seres tão bonito
É que eu te amo tanto


Ó jóia querida
Que a serra gabou
Alegre e garrida
Tu dás-me essa vida
Eu dou-te o que sou


É tão linda a nossa terra
Como não há outra igual
É a mais linda da Serra
A maior de Portugal

Enamorou-se,
quando a viu cheia de brio
Ostentando sobre o peito
A jóia do meu Rossio

Maria Natália Miranda

Natural de Canas de Senhorim (Viseu), Beira Alta, é licenciada em Filologia Românica e com os cursos de Ciências Pedagógicas e do Magistério Primário. Foi assistente pedagógica e autora de textos para a R.T.P., com trabalhos para a Rádio Renascença, Rádio Estação Orbital e outras. Foi fundadora e directora, por vários anos, do Jornal Vento Novo - Sacavém, e conta com 60 obras em vários campos: poesia, Infanto-juvenis e pedagógicos.

Com colaborações em vários jornais, revistas, livros escolares, antologias, etc., promove o Livro e a leitura junto de crianças e jovens através de escolas e bibliotecas a convite dos Municípios. Tem cerca de 400 prémios literários no pais e estrangeiro, poemas para canções gravadas em disco, vários prémios das Marchas de Lisboa e Porto, etc., e o título de "Trovador da Língua Portuguesa" a nível de todos os países de expressão portuguesa.

Segundo Maria Rosa Colaço:

"Obreira discreta de uma obra vasta e séria em que é urgente repararmos, Natália Miranda escreve sobre a vida com palavras de sol. A poesia dos seus textos acende a esperança e devolve a quem lê os espaços de fraternidade possível. E necessária."

in www.joaquimevonio.com/.../nataliamiranda.htm

…quando eu vejo o azul e o preto… IV

Da arquibancada
Do alto da última fileira
Fora de foco é que eu vejo melhor
Um campo de futebol nasce
Numa qualquer estrada.
As balizas florescem
De simples pedras da calçada.
É com lentes de distanciamento que observo o passado.
*****

Apresentamos os Campos de Futebol que de uma maneira ou outra pertenceram ao “Desportivo”


Campo das Fonsecas


O Campo das Fonsecas situa-se junto à Estrada Nacional nº 234 e é dotado de fracos recursos. A ele associadas estão várias carências, de toda a natureza e magnitude, nomeadamente a inexistência de balneários ou quaisquer infra-estruturas de apoio, sendo de destacar a irregularidade do piso de terra batida, sempre muito mal tratado e a exiguidade do recinto de jogo. À volta do terreno existe um declive natural que permite aos espectadores uma melhor visão do espectáculo desportivo que se estava a desenrolar.
Canas de Senhorim, 17 de Setembro de 2007
ANTÓNIO JOSÉ DA ROSA MENDES



Campo da Raposeira




Complexo Desportivo
Ver slide


Campo 2


Como é do conhecimento geral, e por força da aquisição dos terrenos da Raposeira por uma sociedade, o Desportivo viu-se na contingência de ter de abandonar o campo ali situado. A mesma sociedade prontificou-se a adquirir alguns terrenos, nas imediações do Complexo Desportivo, com vista à construção de um campo alternativo à Raposeira. Assim, e depois de decorridos alguns meses de negociações/conversações, finalmente tudo ficou clarificado. Desta forma foram já iniciados os trabalhos de terraplanagem do local onde será construído o novo campo, mesmo por detrás dos balneários que servem de apoio ao Complexo Desportivo.
Convenhamos que, apesar de alguns azedumes verificados ao longo das conversações – que se podem considerar normais nestas situações - não há dúvida de que o G.D.R. saiu beneficiado com tal “donativo”, vendo, desta forma, enriquecido o seu já vasto património.
Parabéns a quem ofereceu e a quem recebeu!
Jornal Canas de Senhorim - Edição Nº 79 de Junho de 2005

*****
“Desportivo” no Feminino


Quem é que nunca sonhou ser treinador duma equipa de mulheres??? entrar no balneário... e dizer "bom jogo Anabela", estar em pleno jogo e exclamar à boca cheia "corre Amélia... vai-te a ela" ... ou ainda, num conforto à atleta, dizer "aguenta Tila...".

Por duas vezes o “Desportivo” teve Futebol Feminino. Aqui se apresentam as equipas e respectivas atletas:

Época 83/84


Em cima da esquerda para a direita:
“Milú”; Cecília; Amélia; Fátima; “Tila” e Filomena
Em baixo pela mesma ordem:
“Belinha”; Anabela; “Zira”; Olinda e Luísa.


Época 93/94 (carece de confirmação)



Em cima da esquerda para a direita:
Zé Artur; Simão; Sofia; Teresa; Clara; Filipa; Zé Nelas; “Mokuna”; Loio e Victor
Em baixo pela mesma ordem:
Fátima; Elisabete; Patrícia; Sónia Isabel; Sónia Guedes; Patrícia e Anabela.


A “estória”


Um desafio para esquecer.


Começo por alertar que o facto que vou narrar não o parecendo é mesmo verídico.
Como sabem, no futebol aparece de tudo um pouco, normalmente este é uma festa e como em todas as festas futebolísticas uns gritam de alegria e outros de tristeza.
Perdoem-me mas não tenho bem presente o ano em que tudo se passou, no entanto o Desportivo foi disputar um jogo a Vila Nova de Paiva a contar para o campeonato distrital, tudo corria normalmente, a palestra do treinador estava dada, os equipamentos estavam prontos para serem envergados, todos os elementos da equipa estavam no balneário para os últimos preparativos.
Uma das equipas estava em falta, era a equipa de arbitragem.
Alguém bate à porta do nosso balneário e pede para entrar. Entrou um senhor (árbitro) que nos pediu compreensão do seu atraso, informando-nos da sua razão.
A sua mulher tinha falecido.
Nós ficamos boquiabertos, como era possível isto estar a acontecer?
O homem tem a mulher morta e em vez de estar a velar o seu corpo vem apitar um jogo? Será que ele gosta mais da mulher ou do apito?
Todo o tipo de conjecturas nos passaram pela cabeça, o que era certo é que ele tinha a mulher morta, tinha chegado tarde, mas estava pronto para dirigir o desafio.
Meus amigos, não me recordo do resultado do jogo, se o GDR ganhou ou perdeu, recordo-me sim daquela pobre alma a entrar no balneário e a justificar-se (ainda hoje se o vir na rua o conheço).
@ Paulo Dias





17/02/2009

Paço vs Rossio

Bairro do Paço_Carnaval de Canas de Senhorim _1953

É interessantíssima a forma como os dois bairros rivais - Rossio e Paço - coe­xistem durante todo o ano de mãos dadas, para, em três dias do ano, inventar um interregno de três dias em que se arreganham os dentes um ao outro, pretendendo denotar uma rivalidade, que na verdade só neste período existe.
Esta cisão, surge logo nos primeiros dias do mês de Janeiro, altura em que ambas as facções começam a trabalhar no arranjo dos carros alegóricos. É uma luta sem tréguas, que ocupa no ires e dias, sábados e domingos, cada um dos bairros ten­tando imaginar e conseguir o melhor para os dias da festa grande. Como nota curiosa, está o facto de muitas vezes uma moça porventura residente no Paço, casar com um rapaz do Rossio. Chegada a época carnavalesca, cada um vai para o seu lado, trabalhando em segredo noites a fio, sem confidências que o leito conjugal poderia proporcionar, e perfeitamente conscientes da rivalidade sâ que nestes dias Impera. Eis que finalmente chegam os dias em que cada um dos bairros vai por à prova o seu esforço, o seu saber, a sua criatividade. Logo que o calendário anuncia o domingo gordo e até terça-feira de entrudo, as duas marchas saem à rua incorpo­rando centenas de foliões, desses milhares que anualmente visitam a vila, ávidos de participar em tão original folguedo.

Bairro do Rossio Carnaval de canas de Senhorim _1954

Nestes dias inesquecíveis, as marchas do Rossio e do Paço transformam as ruas, dando-lhes um colorido e alegria verdadeiramente singulares. Cada bairro tenta superiorizar-se ao seu rival, em imaginação, alegria, ineditismo, música. As piadas e os carros alegóricos são sempre ricos de originalidade, e após calcorrearem as prin­cipais ruas da vila exibindo o seu Carnaval as duas marchas rivais encontram-se frente a frente no Largo do Rossio. Este momento, que há muito é conhecido nas redondezas pelo "adeus" constitui o prato forte do Carnaval sendo indescritível o que se passa a seguir. Paço e Rossio desdobram-se em entusiasmo e vibração. Uma marcha tenta sobrepôr-se à outra. É o delírio... Velhos, rapazes, mulheres e rapari­gas jogam a sua última cartada. É uma alegria incontida e contangiante. Os forasteiros, mesmo que o não pretendessem sentem-se envolvidos na luta. E partici­pam. E vivem. E chegam a tomar partido. No ar ecoam bombas, estalinhos, bichas de rabear, esvoaçam papelinhos, desfraldam-se bandeiras... É o Carnaval de Canas de Senhorim. É o espectáculo do Povo e para o povo.
Na quarta feira de cinzas, já no rescaldo da festa rija tem lugar a célebre batatada. Esta consiste na confecção de um valente cozido, que inclui sempre, quer haja ou não fartura, o "fiel amigo", bem regadinho de azeite novo que é jantar de gala para todos.

António João Pais Miranda

in Canas de Senhorim _História e Património


Paço vs Rossio _ Uma Luta Eterna

Não Há Outro Assim!

( mas anda por aí uma cópia)

16/02/2009

As crianças não dão votos!!!

Hoje deu-me para retirar este pequeno texto do programa do nosso Governo:

I. MAIS E MELHOR EDUCAÇÃO
1. Educação de infância, ensino básico e ensino secundário
2. Apostar em mudanças estruturais, para conseguir a educação de qualidade para todos
3. Superar o atraso educativo português face aos padrões europeus, integrar todas as crianças e jovens na escola e proporcionar-lhes um ambiente de aprendizagem motivador, exigente e gratificante, melhorar progressivamente os resultados, fazendo subir o nível de formação e qualificação das próximas gerações, tudo isto constitui uma urgência nacional."

Depois de ponderar, decidi tirar e editar estas fotos do Jardim de Infância de Canas de Senhorim. (Estas fotos foram tiradas do exterior do infantário sem o conhecimento das educadoras ou funcionários).

Para quem não sabe abriu uma segunda sala no infantário há cerca de 3 anos, e por incrível que pareça a Câmara Municipal apenas contribuiu com umas cadeiras e umas mesas, faltando material didáctico para a aprendizagem das crianças. Durante 3 anos as crianças foram evoluindo graças ao apoio material e financeiro de alguns Pais e Educadores.

Estas duas fotos, bom estas duas é mesmo para rir! Esta obra foi feita pela câmara, é uma caixa de areia. Para quem não sabe o que é eu explico: abriram um buraco no chão e colocaram areia lá dentro, com a chuva e 3 ou 4 dias de brincadeira dos miudos a dita caixa de areia ficou como se vê! Então não se devia fazer um aro a toda a volta do recinto?



Quanto às novas tecnologias, estes miudos nem estão muito mal, uma aparelhagem usada dada pelos Pais de uma criança - umas vezes trabalha outras não!- uma televisão usada e um dvd emprestado ou dado pela Educadora.


Esta foto apesar de não ser bem visível, retrata o estado da pintura do interior do edifício. Neste caso a Câmara já quis pintar, embora fosse no início do ano lectivo, é óbvio que com tanto tempo a altura não era a melhor - quiseram no Natal - mais uma data desajustada, agora é esperar para ver!


Estas fotos retratam bem o estado de degradação do chão da sala.

Curt'ARTE (II)

Coisas do Frio (1ª postagem 30-10-2008)
André Jesus
Quando nos encontramos em casa, a observar o espaço exterior através de uma janela, os nossos olhos vêem coisas que nos obrigam por vezes a alterar a respiração. Ora aqui está uma das primeiras lareiras que os meus olhos viram a ser acesa neste regresso aos climas mais frios. É este o momento em que todos recolhemos aos nossos abrigos… Acredito que isto aos olhos de muitos seja ridículo e secante, mas acreditem que não é de modo algum um cenário parvo. Já se sente o frio em Canas de Senhorim.

O Motivo




15/02/2009

Voluntariado

Como estamos em maré de falar do passado, aqui vai mais uma homenagem, desta vez ao Senhor Padre Domingos e a muita gente anónima, que na nossa terra pratica o bem. Pessoa atenta verificou que era necessário ajudar alguns idosos menos protegidos pela sorte e assim nasceu o Centro de Dia. Este apenas funcionava durante a semana. E como ajudar quem dele precisava ao fim-de-semana?
Deitou as mãos à obra, como se costuma dizer, e pediu ajuda a um grupo de senhoras voluntárias que aos sábados e domingos iam a casa desses idosos levar-lhes o almoço. Apesar de poucas pessoas saberem, em Canas este grupo de voluntariado continua a existir. Ao longo dos anos muitos entraram, muitos saíram, mas o grupo continua. Pessoas que uma vez, todos os meses, “ perde” pouco mais de meia hora do seu fim-de-semana para ajudar os outros! Este grupo faz apenas um pequeno gesto que significa muito para muitos idosos. A sua função é levar o almoço aos fins-de-semana e feriados às pessoas mais idosas e necessitadas da nossa paróquia.
Numa edição de 2005, do Jornal Canas de Senhorim, está escrito que havia apenas 7 pessoas a serem auxiliadas por 27 voluntários. Hoje os números são outros. Há pessoas na Lapa do Lobo, em Vale de Madeiros, pessoas em Canas de Senhorim e na Urgeiriça, ao todo são umas 20 pessoas que são ajudadas por apenas 50 voluntários. Mas já foi necessário ir até à Póvoa, a Carvalhal e à Aguieira. Tendo em conta que cada voluntário apenas vai uma vez por mês, ou seja, por exemplo, no primeiro sábado ou no primeiro domingo e assim sucessivamente, conforme o calendário que está elaborado, seriam precisos, se cada um levasse o almoço, apenas a um idoso ou a um casal, uns 32 voluntários por fim-de-semana ou 128 voluntários por mês sem contar com os feriados ou meses com 5 semanas. Neste momento há voluntários a levaram o almoço a 3 e 4 pessoas! Não é só o levar o almoço, é também uma palavra de carinho e de conforto para as suas tristezas!
Enganem-se se pensam que são só pessoas ligadas à Igreja que participam neste voluntariado. Há homens e mulheres, pessoas católicas praticantes, pessoas que mal frequentam a igreja, formadas e não formadas, mais velhas e mais novas! Existe um pouco de tudo nesta faceta mais humanitária de Canas que não é visível!
Como conseguem perceber pelo texto, este grupo está sempre aberto a qualquer tipo de reforços e, pensando bem, é apenas o tempo de tomarmos um café sentados numa esplanada uma vez por mês…
Acreditem que o sorriso, as histórias de vida, os lamentos que por vezes se vão ouvindo dos nossos idosos valem o tempo que com eles passamos.

Se estiver interessado em pertencer a este grupo ou se quiser mais algumas informações contacte-me através do meu mail

14/02/2009

Editorial



A pessoalidade canense
por Portuga Suave

Canas comove. Escolhi o verbo comover de propósito pois ele é apropriado à dualidade de impressões que Canas transmite.
Podemos comover-nos de várias formas, o espectro da comoção é tão alargado que pode ir da mais simples emoção ao completo arrebatamento ou da pura alegria à irremediável tristeza. Eu, no que toca a Canas, oscilo de uma extremidade à outra, conforme as circunstâncias.
Quando penso sobre a identidade canense, não no sentido lato da expressão, não aquela identidade que resulta directamente da nossa ancestralidade, mas aquela outra que nos identifica individualmente como membros de uma comunidade, questiono-me sobre de que barro é feito o actual canense, o que lhe vai no âmago enquanto membro da comunidade e qual a relação pessoal com os outros e com a própria terra.
As ambiguidades da nossa história recente influenciaram para o bem e para o mal muitos dos elementos que determinam o comportamento vulgar dos canenses.
No século XX, com o advento da indústria, Canas recebeu no seu seio gente de todo o lado, de tal forma que se fizermos uma breve incursão ao passado dos nossos pais e avós, verificamos que a maior parte não era efectivamente canense, isto é, a moldura do actual canense não é assim tão genuína, todos nós temos um pouco de achadiços. Pode dizer-se que isso não é assim tão importante uma vez que as novas gerações nasceram cá, mas não podemos ignorar que estas novas gerações absorveram dos pais referências diversas que por certo acabaram por formar a actual "pessoalidade canense".
A "pessoalidade canense", se assim lhe posso chamar, tem traços bem definidos. Embora assente numa miscelânea de sentimentos e interesses arbitrários, radica predominantemente em factores como a notoriedade, o proveito e a ascensão social, não excluindo contudo outros aspectos, como o orgulho na terra e o bem estar colectivo, especialmente no que diz respeito às infra-estruturas comunitárias. De que vale ter a casa e o jardim bem arranjadinhos se a coisa pública anda pelas ruas da amargura. Digamos que projectamos na terra as nossas aspirações pessoais, sem abdicarmos da natureza individualista e das vantagens imediatas que daí podemos tirar. Não podemos esquecer que as pessoas vieram para Canas para singrar na vida, aproveitando as novas oportunidades que a indústria oferecia, com tudo o que isso implica. Assim, em traços gerais, os canenses podem revelar paixão, abnegação, iniciativa, generosidade e altruísmo, à mistura, na mesma proporção, com inveja, indiferença, vaidade e mesquinhez. E isto é transversal na sociedade canense, o próprio confronto carnavalesco sublima o espírito competitivo e exprime a tendência separatista que caracteriza esta pessoalidade. Se a isto somarmos as características beirãs que a geografia nos concedeu, como sejam a hospitalidade e aquela típica introspecção deste povo confinado entre serras, ficamos com um desenho razoável do canense comum. Mas há mais...
Com o desaparecimento das empresas que sustinham o estatuto social da vila, e o dos próprios canenses, estes interiorizaram uma sensação de perda pessoal e o pessimismo compreensível de um futuro pouco auspicioso. Esta relação é extrínseca, já não é um problema de cada um: se Canas perde, eu perco, perdemos todos. Perante a adversidade a reacção foi admirável, acrescentaram à sua natureza novos elementos, como o inconformismo e a teimosia e reformularam a forma de ser canense, aditando à sua pessoalidade um aguerrido sentimento colectivo, mais abrangente que o anterior. Sobrepôs-se à causa privada a causa pública e elegeu-se como prioridade a autonomia política da terra, considerada indispensável à consolidação de um futuro que não traísse as expectativas que lhes foram legadas por pais e avós. Em suma, os interesses particulares acabaram por alicerçar na comunidade uma forte consciência social, que de resto já lhe era familiar, não tivesse este povo raízes maioritariamente proletárias - o canense transformou-se assim num animal político, habitual residente no circo da política nacional, mas pouco dado a domesticações.
Registo uma certa alegria de sentir a minha terra e as pessoas que a habitam e que lhe dão a tónica comovente com que iniciei este texto, mesmo com situações por vezes muito pouco recomendáveis, relevando, porque humana, esta gente que, embora simpática e amiga do seu amigo, franca e de coração ao alto, pode surpreender-nos ao virar da esquina com aquela necessidade irresistível de dizer mal, de invejar o sucesso alheio, de rebaixar o semelhante, que é a pior forma de elevar a auto-estima e revela no ser humano a mais pura iniquidade.
Também eu sou canense e provavelmente reconhecível nos defeitos e virtudes identificados. É necessário reflectir sobre as nossas fraquezas para melhor compreendermos a nossa terra e percebermos afinal o que é ser canense. Talvez seja por isto que Canas me comove, afinal ela é um reflexo de mim próprio.

12/02/2009

curt'ARTE - Festival de Curtas 2009

Vai realizar-se o primeiro curt'ARTE, um festival de curtas metragens organizado pelo Agrupamento 604 de Canas de Senhorim, no dia 22 de Março na Casa de Pessoal da Urgeiriça.

O conceito deste festival é bastante simples, em 30 dias (desde a data do lançamento do tema até à data limite de entrega das curtas) os participantes têm de realizar uma curta baseados no tema fornecido pela organização.

Mais informações no blog curt'ARTE

São Pedro "ajudou" na fase final da obra









Esta imagem é apenas para confirmar que já há quem desfrute deste local maravilhoso!