Canas OnLine

23/08/2005

Portugal Escuta! Canas está em Luta!

(...) Estamos num país onde por vezes parece que há medo da democracia, onde nos estão sempre a dizer, calem-se, porque o vosso problema vai ser resolvido e nós sabemos que quando nos calamos nada é resolvido. Os Canenses não se podem calar, os Canenses não se devem calar e devem continuar a falar até que sejam finalmente ouvidos. Estou certo de que vão ser ouvidos mas também vos digo que os momentos e os tempos que se aproximam não são fáceis. Este momento ,nesta conjuntura política, não é favorável à vossa luta. Uma luta que aguentou 30 anos tem que saber manejar as conjunturas políticas,tem de saber quando deve avançar e não avançar no momento certo
Boaventura Sousa Santos- colóquio, 10 junho 04 in Jornal Canas Senhorim texto H.Ambrósio

21/08/2005

1986

(...) esta data(2 de Agosto 1982) ficou a marcar na memória colectiva a capacidade de mobilização da população à volta do ideal de restauração do concelho, projectando a luta a nível nacional. Foi a primeira acção violenta no processo reivindicativo do concelho, mostrando a vontade de resistência local às imposições das autoridades concelhias, distritais e nacionais. A comemoração anual dessa data inscrevia na prática a memória da resistência e da solidariedade.

Outra data politicamente marcante para o Movimento foi ter concorrido em 1986 com uma lista própria às eleições para a junta de freguesia, apresentando-se como único opositor o Partido Socialista (PS). Saíu vencedor o Movimento por uma larga margem. Esta data viria a coincidir com o início da crise da Companhia Portuguesa dos Fornos Eléctricos. A junta de freguesia tomou muitas posições denunciando a situação crítica daquela empresa, e a situação laboral difícil na localidade viria a sobrepor-se na prática às exigências de autonomia administrativa.
José Manuel de Oliveira Mendes
Uma localidade da Beira em protesto: memória, populismo e democracia

José Teles

(...) José Teles, recorda que o PCP "sempre defendeu a elevação de Canas Senhorim a concelho". JT reivindica para o PCP o estatuto de "único partido que sempre acreditou na justa reivindicação" da população e fundamenta a afirmação com os numeros dos projectos-lei apresentados na AR:"O PCP apresentou 5, o PP 1, o PSD 1 e o BE 1".
(...) cheguei a ser acusado de de ser manipulado pela população de Canas". O dirigente comunista desvaloriza a dimensão populacional do futuro concelho..."Penedono tem 3000 eleitores e é concelho há muito tempo", argumenta José Teles.
FG in Jornal do Centro,4 julho 03

19/08/2005

25º Concelho do distrito de Viseu


Canas de Senhorim, o 25º concelho do distrito de Viseu
Um extenso cordão humano esperou estoicamente o líder do MRCCS, Luís Pinheiro, na Av. da Estação ao fim da noite ,no dia em que a AR aprovou a criação de 2 novos municípios.(...)
O primeiro ministro D. Barroso foi o político mais recordado como apoiante do novo concelho. Mas Pinheiro não se esqueceu de lembrar ausentes na festa que terminaria em quase orgia de música, carnes grelhadas e bebidas à borla. Como o projecto aprovado horas antes era tripartido PSD, PCP e BlocoEsquerda - lembrou L.Fazenda(BE),Hélder Amaral(CDS), e José Teles (PCP)
texto e fotos JGLorena in Jornal do Centro 4julho03

09/08/2005

Luís Fazenda


O Sr. Presidente: - Para apresentar o projecto de lei n.º 114/IX - Criação do município de Canas de Senhorim (Bloco de Esquerda), tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (Bloco de Esquerda): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Bloco de Esquerda acompanha o desejo de auto-governo municipal por parte das gentes de Canas Senhorim. Esse desejo de auto-governo municipal é antigo, constituiu uma identidade própria e manifesta-se numa área onde estão estabelecidas as infra-estruturas mínimas para o efeito…
O Sr. José Junqueiro (PS): - Que grande aldrabice!
O Orador: - … e contém, ainda, uma questão muito importante, um parecer positivo da CCR acerca da viabilidade financeira do município a constituir.Esta circunstância, toda ela articulada com o facto de ser inegável a referência histórica e cultural desta vila, aliás, objecto de estudos interessantíssimos por parte do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, mostra bem que a identidade é forte, o desejo de auto-governo municipal prevalece e deve ser claramente apoiado pelo legislador.Costuma objectar-se contra a criação do concelho de Canas de Senhorim, em primeiro lugar, com a inexistência de uma reforma administrativa. Mas as populações não podem ser punidas pela falta de coragem política dos principais partidos que se foram substituindo no governo por, em cerca de 30 anos, não terem metido mãos a uma reforma administrativa que venha diminuir as irracionalidades da organização administrativa municipal.Costuma também objectar-se em relação à dimensão e à população, fazendo tábua rasa de que há muitos municípios com dimensões similares e com população da mesma ordem de grandeza.Costuma objectar-se, até, que não terá grande racionalidade olhando para o mapa e para as escalas, mas esse é, seguramente, o complexo do citadino tecnocrata que olha para mapas e não vê identidades locais e não vê a sua força.Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É tempo de terminar um conflito que dura há mais de 20 anos, procurando a conciliação e o desenvolvimento, procurando que não tenhamos mais populações reprimidas em desejos que são absolutamente legítimos.A manutenção da actual situação só iria levar a que se agudizassem problemas de subdesenvolvimento, quer na freguesia de Canas de Senhorim, quer no conjunto do concelho de Nelas.A obtenção do concelho de Canas de Senhorim não é feito contra ninguém, é feito a favor de todos. É tempo de entendermos isto e de ultrapassarmos alguns caciquismos locais e algumas prepotências abusivas de eleitos locais no concelho de Nelas. Sei do que falo, conheço o território, conheço a zona, lá habitei muitos anos, e acho que é tempo, mais do que tempo, de dar guarida a este desejo de auto-governo municipal. (...)

Assembleia da República, 1 julho 03